segunda-feira, julho 03, 2006

Teste psicotécnico

O fanã (ou fanan, como preferirem) é uma personagem ímpar na sociedade Portuguesa contemporânea que acompanha o desenvolvimento das cidades e as mais recentes tecnologias sendo, por isso, um produto do desenvolvimento tecnológico. Distingue-se dos demais mortais pela calça de ganga ligeiramente à boca de sino (para os entendidos, bootcut), t-shirt estampadas com frases e imagens apelativas (para não dizer ordinárias), cabelo espetado com gel ou escondido debaixo dum boné de marcas racing, óculos escuros Arnette ou de qualquer outra marca contrafeita, tatuagens e piercings ou apenas a clássica argolinha de ouro na orelha. Mas esta imagem de marca é demasiado discreta por isso, o fanã optou por se passear num bólide de cores berrantes, saias, entradas de ar, carbono, escapes de alto rendimento com o correspondente alto ruído e, para abafar a barulheira do escape, um sistema de som com subwoofer, tweeters e demais parafernália sonora que permita partilhar 50 cent, Shakira e outros intérpretes de refinado sentido estético (e musical) com os transeuntes. Nos tempos livres, o fanã gosta de fazer corridas a alta velocidade com os colegas em estradas devidamente preparadas para tal, como a Ponte Vasco da Gama.
De realçar que este especimen utiliza ainda o seu bólide como transporte pois é originário dos subúrbios e frequenta a metrópole (nem que seja para trabalhar). E por falar em trabalho, qual seria a profissão ideal para o fanã? Testes psicotécnicos avaliados por especialistas revelam que a sua apetência por carros barulhentos que forçam os demais a ouvir os sons emitidos por eles, a capacidade de fugir ao trânsito efectuando manobras típicas de chico-esperto como a circulação pela berma, e a necessidade incontrolável de espetar o téni no acelerador o habilitam como ninguém para o ofício de: CONDUTOR DE AMBULÂNCIA!

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