sábado, novembro 07, 2015

Ser de direita não te torna fino

Sabem aquelas pessoas que são de esquerda porque querem parecer rebeldes e os que são de direita para parecerem finos? Tenho uma informação para essas pessoas: isso é estúpido!
Uma ideologia política tem a ver com convicções, não tem a ver com aparências.
Dizerem-se de esquerda para parecerem rebeldes e consumirem drogas leves é incoerente se forem xenófobos e contra o casamento homossexual.
Serem de direita mas reclamarem que os serviços públicos deviam ter melhor qualidade e mais funcionáros para satisfazerem as necessidades dos utente, não faz sentido. Tal como não faz sentido revoltarem-se com os 5 contratos de trabalho que já vos fizeram sem vos passarem a efectivos e depois continuarem a votar em programas de governo ultra-liberais. Querem que o Estado continue a garantir serviços de qualidade? É preciso que o Estado gaste dinheiro nesses serviços... Querem passar a efectivos depois de 6 meses porque já provaram que são funcionários competentes? É preciso que o Código do Trabalho mude.
Depois dizem coisas assim:  "Ah, mas eu sou muita católica, quero imenso ter 5 filhos e isso é de direita!".
Ser católico não é incompatível com a esquerda. Aliás, parece-me batante estranho que um católico se oponha a uma redistribuição da riqueza mais justa para que todos possam viver com dignidade só porque têm medo que os subsídios do Estado sejam entregues a grupos étnicos conotados com o crime de contrafacção... A menos que achem que a única redistribuição de riqueza válida seja a caridadezinha cristã... Aí talvez de identifiquem mais com um CDS-PP...
Sim, não vão encontrar a democracia cristã nem no Bloco nem no PCP... Mas se tiverem um emprego e quiserem gozar uma licença de maternidade maior, prolongar a licença de amamentação ou garantir que o pai da criança não tem só 15 dias para gozar a licença de parentalidade, talvez estejam mais interessadas no programa dos Partidos da esquerda... Se não conseguirem pagar o ensino privado aos filhotes a partir do terceiro rebento e tiverem de os matricular na escola pública, se calhar preferem uma escola pública com boas condições, professores motivados e ensino de qualidade. E isso não se faz com programas que promovem o desinvestimento na educação.
Agora, se te borrifas para a igualdade de géneros e para a cultura ou achas perfeitamente legítimo que o bilhete mais barato para o São Carlos custe 100 EUR porque pobre não gosta de Verdi... Aí és o Caco Antibes:


Se, em vez disso, achas que os ricos é que devem pagar a crise, que ter dois pais ou duas mães é melhor que não ter nenhum e que não devia ser preciso gastar metade dum ordenado médio em material escolar, talvez te inclines mais para a esquerda...
Mas, independentemente das convicções, é preciso que não vejam a política como um clube de futebol. Não é suposto votarem sempre nos mesmos só porque já os vossos antepassados o faziam. Aliás, a volatilidade eleitoral até é uma característica dos eleitores mais informados.
E só mais uma informação... de acordo com vários perfis sociodemográficos do eleitorado tuga, sabem quem é que é tradicionalmente de direita? Os eleitores com menor grau de escolaridade.
Os eleitores de direita já estão todos assanhados porque lhes chamei analfabetos. Não, isso seria uma falácia. Lá porque as pessoas com graus de escolaridades mais baixos votam tradicionamente na direita, não significa que os eleitores de direita sejam todos iletrados. Só quero explicar que essa ideia que gente fina vota à direita é falsa.
Por outro lado, o Bloco de Esquerda costuma ter uma maior percentagem de eleitores com nível de ensino superior. Se calhar não são só os miúdos que frequentam festivais que vão à urna votar no Bloco...

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